segunda-feira, 14 de maio de 2018

Haikai: Poemas japoneses

Haikai é uma das formas poéticas mais conhecidas e apreciadas no Mundo. De origem nipônica, valoriza a concisão e a objetividade. São pequenos poemas que expressam não só a delicada sensibilidade oriental, mas as reações humanas ao mundo que nos cercam. É a arte de dizer o máximo com o mínimo de palavras. Expressão que capta um momento de experiência, um instante em que o simples subitamente revela a sua natureza interior e nos faz olhar de novo o observado, a natureza humana, a vida… 

Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses (totalizando sempre cinco sílabas), e sete caracteres na segunda linha (sete sílabas), podendo ter variações nas diferentes línguas com versos mais curtos ou mais longos.


Em português é escrito Haicai, no Brasil, e Haiku, em Portugal.  A palavra haicai e suas variantes (haicu, haiku, haikai) derivam do japonês haikai, vocábulo composto de hai = brincadeira, gracejo e kai = harmonia, realização.

Em japonês, haikais são tradicionalmente impressos em uma única linha vertical, enquanto o haikai em Língua Portuguesa geralmente aparece em três linhas, em paralelo. Muitas vezes, há uma pintura a acompanhar o haicai ( chamada de haiga).

O formato tem suas raízes na renga, importante manifestação literária da cultura japonesa que remonta ao século XIII. Os versos eram escritos por vários autores, que respondiam a uma forma de “desafio elegante” entre si ao escrever.
Poemas Haikais são tão simples que podem ser escritos por crianças, mas também é o esboço de muito estudo e dedicação. Geralmente  evoca em sua narrativa a  exploração da vida, procurando criar uma imagem de algum pequeno momento, ligado à natureza de alguma forma. Apesar de muitos poemas expressarem um tom melancólico também podem manifestar  humor e diversão.
“Haijin” é o nome que se dá aos escritores desse tipo de poema, entre os mestres do século XVII estão Basho, Buson e Issa. Dentre os muitos que se destacou nesta arte, o principal haijin (ou haicaísta) foi Matsuô Bashô (1644-1694), que se dedicou a fazer do haikai uma prática espiritual. Além de ter feito milhares de seguidores, Basho, pela sua própria vontade, abriu mão de suas atividades remuneradas como crítico e instrutor para viver em recolhimento e pobreza e exercer influência sobre o desenvolvimento posterior da arte do haikai, elevando-o a uma forma de ver e de viver o mundo.
O Haicai mais famoso de Ôshima Ryôta, descreve a curta duração da florada da cerejeira, do desabrochar até a queda das flores. Pode ser também interpretado como uma parábola da existência humana. Face à morte, o homem notará que a mais longa das vidas parecerá ter sido tão fugaz quanto às flores de cerejeira.


Haikais japoneses





Quantas memórias
me trazem à mente
Cerejeiras em flor

Um antigo lago em silêncio …
Um sapo pula na lagoa,
splash! Silêncio novamente.

Bashô



Primeira manha
Até a minha sombra
está cheia de vigor

Issa



No caminho de Shirakawa
uma rapariga vende flores
Primeiro arco-íris

Shimei


Na berma do caminho
florescia uma malva
O cavalo comeu-a

Bashô







Saiba mais em: skdesu



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