1-
Ler
os textos (Links para leitura ao final do post);
2-
Discutir
em uma roda sobre o que foi lido e sobre o tema, experiências, opiniões, etc.
3-
Elaborar
um relatório sobre o que foi lido e discutido.
Atividade
referente ao tema do mês de abril e, também, a habilidade H5, trabalhada
atualmente.
Texto 1:
Bullying deixa marcas para a vida toda — até em quem não é a vítima
Não é brincadeira de
criança. Não é só uma piada. Não é mimimi. A ciência já sabe que as
consequências da perseguição sofrida quando criança ou adolescente atravessam
(e prejudicam) a vida adulta
A primeira
vez que Fernanda Brzezinski fez uma dieta foi aos seis anos. A avó cobrava dela
um corpo dentro dos padrões. E a menina absorvia toda aquela cobrança. Na
escola, as piadas dos colegas também a estimulavam a perder peso. “Eu ainda era
peluda, então começaram a dizer que eu parecia uma foca quando ria”, relembra.
Não comprava roupas justas ou do tamanho certo; preferia camisetas e calças
largas, na tentativa de esconder o corpo.
Na adolescência, quando frequentava a casa de uma amiga bem
magra, na hora do lanche da tarde ela era proibida de comer. Fernanda só perdeu
peso perto dos 30 anos, quando teve seus dois filhos: Felipe, hoje com 14 anos,
e Sofia, com 10.
Os filhos passaram pelas mesmas dificuldades que a mãe. No ano passado, Felipe
entrou em um papo sobre política no grupo de WhatsApp da sala de aula. Apaixonado
pelo assunto, ele e os amigos discordaram de uma colega, que pediu para
encerrar a discussão. Ela argumentou que aquela conversa era coisa para adultos
e não para adolescentes como eles — como resposta, tomou uma invertida: “Mas
idade para beijar na boca você tem, né?”.
A briga não parou ali. Chateada, a garota adicionou amigos mais
velhos no grupo para defendê-la. E foi o que fizeram. Só quem continuou na
conversa foi Felipe — e ele foi ofendido de todas as formas por causa do peso.
“Você vai morrer virgem”, ouviu. Aos prantos, mostrou a mensagem à mãe e perdeu
a vontade de ir à escola. Só superou parcialmente o trauma com a ajuda de
psicólogos.
Com a irmã, Sofia, a história foi outra. Ela começou a
apresentar sintomas fortes de ansiedade — mordia a parte interna da bochecha
até sangrar — e a adotar uma postura mais agressiva com todos, inclusive em
casa, com os pais. Uma das professoras comentou com a mãe que a menina comia
duas vezes durante os intervalos. Só não contou que ela havia se afastado dos
amigos e que a única pessoa com quem conversava era a atendente da livraria da
escola. Até que um dia Sofia não aguentou mais e pediu desesperadamente para
mudar de colégio. Fernanda atendeu, e só depois da mudança se deu conta de que
a filha sofria bullying.
É que reconhecer o bullying não é fácil. Em geral, todo mundo
percebe que não era uma simples “brincadeira de criança” só quando a história
atinge seu desfecho mais trágico — e não faltam casos nos últimos tempos. A
Polícia Civil trabalha a hipótese de que o adolescente que atirou nos colegas
numa escola em Goiânia, em outubro, foi motivado pelo bullying. Chamado de
fedorento, ele teria ganhado um desodorante de presente de um colega dias
antes.
Outra história, mais recente, que virou notícia no mundo todo em
janeiro, é a da adolescente australiana Ammy “Dolly” Everett, de 14 anos.
Ex--garota-propaganda de uma marca de chapéus, a jovem se suicidou depois de
constantes ataques virtuais — os pais não disseram o motivo, mas deixaram um
convite aos agressores. “Se as pessoas que pensaram que se tratava apenas de
piadas e que se sentiam superiores com o bullying constante virem esse post,
por favor, venham ao funeral para testemunhar a completa devastação que
criaram”, escreveu Tick Everett, pai da garota, no Facebook.
Só tem um detalhe: histórias extremas como essas são exceções.
Em geral, os adolescentes sofrem em silêncio — normalmente não tomam atitudes
tão drásticas — e, por isso, os casos crescem fora das estatísticas,
despercebidos. Ainda assim, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) realizada em 2015 com mais de 70 mil alunos, um
a cada três adolescentes brasileiros já sofreu bullying. Outros 20% admitem
praticá-lo.
A maior parte dos agressores e das vítimas têm, em média, 14
anos. É a fase da puberdade, das conquistas amorosas, e quem não se enquadra
nos padrões de beleza é quase sempre alvo. Não à toa, de acordo com a pesquisa,
os principais motivos das zoeiras são a aparência do corpo e do rosto.
O problema persiste porque pais e professores ainda têm muita
dificuldade até em nomear o que é bullying — até porque o termo surgiu e
começou a ser estudado com afinco recentemente, em 1999. É definido como o
desejo consciente e deliberado de maltratar uma pessoa e colocá-la sob tensão.
A origem vem da palavra inglesa “bully”, e remete a valentões, tiranos e
brigões. Mas nem todo bullying envolve briga física — as agressões podem ser
verbais, como aconteceu com Felipe, ou psicológicas (isolar um colega, como
fizeram com Sofia).
“Há pouco tempo, o conceito era rejeitado por não ser bem
definido. E hoje é um pouco deturpado, tudo a gente diz que é bullying. ‘Ai, a
professora não gostou do meu trabalho, sofro bullying’”, explica a
psicoterapeuta Quézia Bombonatto.
É justamente para não transformar tudo em bullying que os
pesquisadores definiram critérios para descrever o problema: comportamento
agressivo ou propositalmente doloroso ao outro, repetido várias vezes ao longo
do tempo e caracterizado por um desequilíbrio de poder entre pessoas. Essas
situações envolvem sempre três atores, não apenas um ou dois. Há o agressor, a
vítima (mais frágil e, em geral, com baixa confiança e autoestima para se
defender) e o público. Sem a plateia para rir ou repassar as piadinhas, nenhuma
brincadeira tem vida longa.
Na sua época — e na de seus pais, avós, bisavós — isso já
existia, só não era chamado de bullying. Diziam que era brincadeira e não tinha
nada demais, afinal, você (ou eles) cresceu saudável e forte. Certo? Não
exatamente. Fernanda sabe bem as marcas que o bullying deixou e que o tempo não
apagou. “Como eu fui gorda, sempre avisei meus filhos: ou vocês emagrecem ou
aceitam que serão chamados de gordos, como eu fui”, conta. “E errei nisso. Não
estimulei a autoestima deles.” Mas não é só isso.
Pesquisas recentes mostram ainda que o bullying aumenta os
riscos de depressão e transtornos de ansiedade durante a vida toda da vítima,
não apenas na infância. Uma coisa, no entanto, é certa: bullying existe (e
causa dor às vítimas) desde sempre.
O trecho acima pertence à
reportagem de capa da edição de fevereiro de 2018 da GALILEU. Você pode ler a
matéria na íntegra comprando a edição nas bancas, na versão digital ou assinando a revista, por R$ 4,90.
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Texto 2
Casos de bullying nas escolas cresce no Brasil, diz
pesquisa do IBGE
Aparência física é um dos principais
motivos de bullying.
Problema é considerado de saúde pública.
Edição
do dia 26/08/2016
26/08/2016
14h26 - Atualizado em 26/08/2016
15h03
Casos de bullying nas escolas cresce no Brasil, diz
pesquisa do IBGE
Aparência física é um dos principais
motivos de bullying.
Problema é considerado de saúde pública.
Ana Carolina RaimundiRio de Janeiro
00:00/02:47
A
aparência física é um dos principais motivos de bullying nas escolas, um
problema considerado de saúde pública. O número de casos de jovens submetidos a
situações de humilhação vem crescendo, de acordo com pesquisa do IBGEsobre a saúde do estudante brasileiro.
Para quem sofre, não é brincadeira, não tem graça e pode
deixar marcas. "Ficarem chamando de gordo, magro, julgar a aparência. Eu
senti que meu coração ia cair", diz Maria Clara, de nove anos, vítima de
bullying.
Karine Sales Braune é mãe de Maria Clara, que já teve
problemas em três escolas. Eram sempre as mesmas ofensas gratuitas: “A reação
dela é, às vezes, ficar quieta, se fechar".
A menina é amorosa e tímida. Ficou mais tímida nos
últimos tempos, mas prefere perdoar os colegas. "Ela tenta relevar as coisas
que acontecem com ela. Claro que magoa. Ela não quer tocar no assunto, pra ela,
passou a dor, morreu o assunto. Ela abstrai, perdoa e não quer nem falar do
assunto", relata a mãe.
A mãe pede para ela contar tudo sempre e conta com a
ajuda da escola: “As outras duas escolas mal abordaram o tema. Nessa escola que
a Maria está, eles resolveram prontamente a questão e eu acho que tem que ser
assim".
Mesmo que muitos pais não saibam, esse sentimento é
muito comum entre as crianças e adolescentes. Quase a metade dos alunos
entrevistados na pesquisa (46,6%) diz que já sofreu algum tipo de bullying e se
sentiu humilhado por colegas da escola. A maioria (39,2%) afirmou que se sentiu
humilhado às vezes ou raramente e 7,4% disseram que essa humilhação acontece
com frequência e entre os principais motivos está a aparência.
Comparando a pesquisa anterior, feita em 2012, o número
de casos de alunos que relataram já ter se sentido assim no colégio aumentou.
Em 2015, eram 46,6% dos alunos. Em 2012, eram 35,3%.
Uma escola no Rio de Janeiro tem um programa de combate
ao bullying. São debates, aulas de arte que começa com os alunos entendendo o q
essa palavra realmente significa. Eles estudaram inclusive a lei do bullying,
que diz que o responsável pode até ser processado se o caso for comprovado.
Pela pesquisa, dois em cada 10 estudantes já praticaram
bullying e as agressões partem mais dos meninos. Gabriel de Castro, de 14 anos,
já sofreu e já praticou bullying, mas com entendimento, as coisas mudaram: “Fui
aprendendo que essas brincadeiras que eu fazia não eram legais e isso magoava
as pessoas".
Texto 3:
O bullying contra o professor
21 de Abril de 2011
Luxo é
ser compreendido.
Ralph Waldo Emerson
Muito se fala sobre a violência sofrida pelo aluno contra o
aluno, do aluno que é molestado ou sofre qualquer perseguição ou agressão do
professor, mas não se pensa e nem se olha quase na violência e bullying sofrido
pelo professor em sala de aula.
Parece fácil, uma vez que turmas e turmas são formadas para
ouvir um professor e se uma vez for estigmatizado, não é difícil um grupo
grande zombar.
Já vi colegas sofrerem calados os maus-tratos, perseguições e
abusos de alunos em sala de aula.
Chacotas, apelidos, caricaturas que passam de carteira em
carteira, e assim por diante.
Vejo tanto desrespeito a nossa classe, eu mesma vivencio algum
desdém de alguns alunos, que ficam geralmente no canto detrás da sala ignorando
a aula, de bonés, rindo de tudo que se fala e ainda importunando aos outros que
tentam prestar atenção.
A coisa começa tímida, se o professor não tem uma atitude, um
diálogo, há realmente o contágio desse pequeno grupo para a classe toda.
A covardia ainda piora quando é gravada via celular e postada no
Youtube, e a chacota vai para a grande rede, e se torna ciberbullying, circula
por e-mails, e toma uma proporção imensa até chegando aos órgãos e secretarias,
às direções prejudicando o tal profissional alvo e vítima, que sempre será
culpado por não se dar ao respeito, e não impor limites aos seus alunos.
Caros colegas, onde estamos errando? Justamente no diálogo.
Não precisamos ser todo tempo bonzinhos, amorosos, permissivos,
podemos como com filhos, saber educar esses jovens e crianças para o mundo e
para o convívio social respeitoso.
Tive um aluno difícil de liderança de um grupo temido por todos
os professores da escola em que trabalho, uma das três, nunca tive problema com
ele, pois consegui quebrar, furar aquele seu ar superior e com meus “boa noite,
meu lindo”, parando a aula pra quando ele entrasse e perguntando “por que
chegando essa hora, estava trabalhando?”, ele me deu respostas positivas,
evoluções comportamentais, e ainda passou fazendo os trabalhos e exibindo um
interesse muito maior, e mais, solicitava comportamento dos demais quando se
atrapalhava a aula, ou seja, ganhei um aliado. O covardão foi quebrado com
carinho e ele acabou me ajudando a “dominar” a turma. Hilário, irônico, mas foi
verdade.
“O humor é um recurso pedagógico. Pega as pessoas desprevenidas
e as torna mais receptivas”, já dizia Claudius Ceccon.
Pois é, acho que falta isso, jogo de cintura, sensibilidade,
pois o valentão que provoca muitas vezes é um grande carentão, que só quer
atenção.
Do que vale olhar sem ver?
Johann Wolfgang Von Goethe
Fontes:
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