segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Em entrevista, filha de Cora Coralina divulga poema inédito da escritora

2ºs EM
Sequência de Atividades: Entrevista

CORREIO BRAZILIENSE

Em entrevista, filha de Cora Coralina divulga poema inédito da
escritora

Para celebrar os 125 anos de nascimento da autora goiana, o Correio apresenta
entrevista exclusiva com a Vicência Bretas Tahan
postado em 20/08/2014 08:12
Elô Bittencourt - Especial para o Correio

A poesia de Cora Coralina é uma profissão de fé. Graças à sua ternura em manusear
as palavras, como se fizesse um doce, ela se transformou em uma das principais
poetas da literatura brasileira. A escritora obteve reconhecimento aos 75 anos, quando
Carlos Drummond de Andrade começou a elogiar publicamente os versos da
vovozinha lírica que nasceu em 20 de agosto de 1889, em Goiás Velho.
Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nome de batismo da escritora, faleceu aos 96
anos, em 1985. Cora Coralina começou a escrever cedo, aos 14 anos, porém teve o
primeiro livro publicado em junho de 1965, Poemas dos becos de Goiás e estórias
mais. Foi a partir daí que a doceira famosa começou a ser conhecida no mundo da
literatura. Em comemoração aos 125 anos de nascimento de Cora Coralina,
o Correio apresenta uma poesia inédita da escritora, concedida pela filha Vicência
Bretas Tahan. Na entrevista, a herdeira relatou que ainda há muitos escritos da poeta
que não foram publicados, nem disponibilizados no museu porque estão sendo
organizados. A filha da poeta revela, também, como era conviver ao lado de uma
mulher extremamente forte e, ao mesmo tempo, delicada e sensível.

Poesia

Guia de Goiás

Tem sua rima
Bem pode ser a mulher terra, a mulher sertaneja, sua velha escriba, Cora Coralina
Guia do meu Goiás
Guia de muita gente, para conhecer mais o meu Goiás.
Goiás, seu mapa é uma certeza no centro do Brasil.
Goiás é coração, é o sonido Augusto do berrante na frente das manadas, das estradas
do sertão
Goias é água e pão, água para toda sede e pão para toda fome
Goiás é oferta de trabalho, é a terra em gestação

Cora Coralina

Confira trecho da entrevista com Vicência Bretas Tahan, filha de Cora
Coralina

Como era a mulher Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas?
Minha mãe era muito trabalhadeira. Fazia tudo dentro de casa. Gostava muito
de escrever, embora não tivesse suas poesias lidas. Não era comum naquela
época, por isso ela escrevia e guardava. Além disso, tinha os afazeres de casa
como lavar roupa, fazer doces e comida. Antes a mulher era preparada para
casar e não se falava em ser escritora. Ela era muito lutadora também.

O que Cora Coralina mais gostava de fazer? Como era sua rotina?
Quando moça ela tinha que fazer doces para vender. Naquela época, não tinha
a obrigação de ir à escola. Ela aprendeu o básico, o primário. Aos 14 anos,
começou a escrever. Gostava de fazer versos e outros textos.

Como foi o primeiro contato dela com Carlos Drummond de Andrade?
Ela não o conheceu, mas se corresponderam por carta. Quando ela já tinha
publicado o primeiro livro, Poemas dos becos de Goiás e estórias mais, uma
conhecida dela deu o livro ao Drummond. Ele gostou muito, daí, tempos
depois, escreveu para ela: “Cora Coralina. Não tendo o seu endereço, lanço
estas palavras ao vento, na esperança de que ele as deposite em suas mãos.
Admiro e amo você como alguém que vive em estado de graça com a poesia.
Seu livro é um encanto, seu verso é água corrente, seu lirismo tem a força e a
delicadeza das coisas naturais. Ah, você me dá saudades de Minas, tão irmã
do teu Goiás! Dá alegria na gente saber que existe bem no coração do Brasil
um ser chamado Cora Coralina. Todo o carinho, toda a admiração do seu
Carlos Drummond de Andrade”.

Disponível em: <http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-
arte/2014/08/20/interna_diversao_arte,443210/em-entrevista-filha-de-cora-coralina-divulga-poema-inedito-da-escritora.shtml>. Acesso em: 26 de janeiro de 2018. (adaptado)

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